Oferecer apoio aos trabalhadores para permitir que mantenham os seus empregos ou regressem ao trabalho em caso de baixa por doença mental é uma solução melhor do que excluí-los do local de trabalho e deixá-los doentes ou receber benefícios por invalidez indefinidamente.
A doença mental sempre foi um tema difícil de lidar no mundo profissional devido ao estigma e medos associados.
A doença mental não se refere apenas a patologias graves, mas também a transtornos comuns como depressão, ansiedade, stress, fadiga ou casos de exaustão que podem ser tratados de forma adequada se forem geridos corretamente.
A importância da Psicologia das Organizações
Identificar transtornos mentais como depressão e oferecer auxílio precoce é essencial na psicologia das organizações. Mas também é uma das etapas mais difíceis, porque a doença mental costuma estar oculta e porque as causas podem ser diversas: problemas pessoais em casa, traumas na infância ou stress relacionado ao trabalho.
Além disso, o medo de ser rejeitado ou estigmatizado pela empresa ou colegas torna muito difícil para as pessoas falarem sobre o problema com os seus superiores.
Muitos trabalhadores com transtornos mentais não tiram baixa médica quando realmente precisam. Com isso, a sua produtividade diminui, o que se torna um problema para a empresa.
Dados alarmantes em Portugal devem ser levados em consideração
O relatório final do projeto “Saúde Mental em Tempos de Pandemia (SM-COVID19)”, coordenado pelo Departamento de Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças Não Transmissíveis do INSA, afirma que 34% dos indivíduos da população geral e 45% dos profissionais de saúde inquiridos apresentavam sinais de sofrimento psicológico no decurso dos 15 dias anteriores à participação no estudo.
Ainda segundo o mesmo relatório, 27% dos inquiridos da população geral indicaram ter sintomas moderados a graves de ansiedade, 26% sintomas de depressão e 26% sintomas de perturbação de stress pós-traumático.
Os problemas de saúde mental têm um grande impacto nos próprios indivíduos, nas suas famílias, nos empregadores e na economia, conduzindo a vários tipos de problemas. De acordo com o relatório, pessoas com distúrbios leves ou moderados, como ansiedade ou depressão, têm duas vezes mais probabilidades de perder os seus empregos e têm um risco muito maior de viver na pobreza e na marginalização social.
Além disso, os especialistas consideram que, apesar do crescente reconhecimento da sociedade, ainda existe um estigma social considerável em torno da doença mental.
É preocupante o fato de que, embora a intervenção precoce seja crítica, na prática podem decorrer mais de dez anos entre o início da doença e o primeiro tratamento na maioria dos países. Esta falta de tratamento ocorre com mais frequência entre os jovens e os tempos de espera por psicoterapia no Serviço Nacional de Saúde são muito longos.
É importante não esquecer que qualquer ação realizada no local de trabalho terá um impacto mais duradouro do que esperar até que a pessoa tenha que deixar o mercado de trabalho por causa do seu transtorno mental. As evidências mostram que permanecer no local de trabalho também é parte da solução, se o suporte adequado for fornecido.
O relatório destaca que professores, empregadores, médicos e assistentes sociais costumam ser os mais adequados para identificar pessoas com problemas de saúde mental num estágio inicial.
De acordo com as recomendações da OCDE, os serviços de saúde e emprego devem intervir mais cedo, envolver as principais partes interessadas e garantir que trabalhem juntos para ajudar as pessoas com problemas de saúde mental a permanecer no trabalho. O documento estabelece a necessidade de uma liderança política e de gestão mais envolvida com o tema, uma vez que na maioria dos países existem diretrizes e regulamentações, mas têm pouco impacto e não são cumpridas.
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