Num mundo laboral em constante mudança, que obriga a que o próprio colaborador se transforme e se molde a essas constantes mudanças, o aparecimento de diversos riscos para a saúde física e mental dos trabalhadores, ou seja, riscos psicossociais, são um grande desafio para as organizações.
Muitas são as definições dadas ao conceito de risco psicossocial, segundo Neto (2014) os fatores de risco psicossociais representam a probabilidade de ocorrerem efeitos negativos para a saúde mental, física e social, gerados por condições de emprego, fatores organizacionais e relacionais que podem interagir com o funcionamento mental e bem-estar psicossocial das/os trabalhadoras/es.
Devido ao aumento da concorrência, de expectativas mais elevadas no desempenho e de mais horas de trabalho, o ambiente laboral torna-se cada vez mais stressante. À medida que as empresas se tornam cada vez mais digitais, o ritmo de trabalho aumenta exponencialmente, sendo controlado pelas comunicações constantes e pelos altos níveis de competição global. As linhas que separam o trabalho da vida pessoal estão cada vez mais ténues, deixando os colaboradores mais expostos a fatores de riscos psicossociais.
As exposições a estes riscos impactam negativamente as empresas e os colaboradores. As baixas médicas, baixa produtividade, altas taxas de absentismo, rotatividade e preseenteismo são algumas das consequências para a organização que se refletem em custos diretos e indiretos.
A não intervenção precoce pode trazer consequências para o colaborador a vários níveis:
- Consequências físicas e fisiológicas
- Consequências Comportamentais
- Consequências psicológicos e emocionais
- Consequências cognitivas
Avaliar os riscos psicossociais numa empresa é saber que fatores estão na sua origem e devem ter em conta as diversas características individuais e organizacionais. Embora as características individuais sejam mais difíceis de alterar, é importante a organização entender que os indivíduos não têm os mesmos recursos e não reagem da mesma forma à mesma situação.
No que concerne a fatores organizacionais de riscos psicossociais, podemos salientar: a autonomia, a motivação e satisfação no trabalho; a comunicação; as relações e apoio social; os conteúdos de trabalho; o clima organizacional; os ritmos e cargas de trabalho; os tempos de trabalho e os modelos de gestão.
Como avaliar?
- Listas de despiste de fatores de Risco Psicossocial
- Utilização de sistemas de avaliação fiáveis
- Recorrer a profissionais para que possam fazer um estudo complexo e completo da sua organização.
Quais os objetivos deste método de avaliação:
- Identificar e avaliar globalmente os níveis de stress e bem-estar dos colaboradores da organização;
- Reforçar o conhecimento sobre riscos psicossociais, nomeadamente ao nível das principais variáveis psicológicas envolvidas;
- Definir e implementar planos de ação com vista à promoção do bem-estar individual e organizacional.
Alguns indicadores mensurados:
- Exigências no Trabalho;
- Organização e Conteúdo do Trabalho;
- Relações Interpessoais e Liderança;
- Interface Trabalho e Vida Privada;
- Valores no Local de Trabalho;
- Saúde e Bem-Estar;
- Comportamentos Ofensivos.
A aplicação do questionário deve garantir:
- Anonimato;
- Boa taxa de participação;
- Respostas confiáveis;
- Representatividade da empresa;
- Análise crítica dos resultados.
É importante que a empresa selecione indicadores qualitativos e quantitativos que possam ser aplicados ao seu negócio ao invés de construir um sistema complexo e ineficiente a longo prazo.
Uma vez detetados e analisados os riscos psicossociais, certas ações devem ser implementadas.
A combinação e coordenação de várias intervenções, tanto organizacionais como individuais, são essenciais para manter a saúde mental dos colaboradores.