Os seus colaboradores estão sobrecarregados? É normal que um gestor queira sempre aproveitar ao máximo a sua força de trabalho e torná-la o mais produtiva possível, mas cuidado! Sobrecarregar os seus colaboradores e mantê-los à beira da exaustão pode ser um erro grave que, como empregador, está a cometer.
De facto, alguns estudos afirmam que mais de metade da rotatividade total da força de trabalho se deve à exaustão ou à síndrome de burnout.
Burnout é uma epidemia em Portugal
De acordo com a Associação Portuguesa de Psicologia da Saúde Ocupacional, em 2016, 13,7% das pessoas ativas em Portugal estavam em estado de burnout e o risco tem vindo a aumentar.
Portugal tem 2,3 milhões de cidadãos que necessitam de apoio psicológico e um em cada cinco portugueses sofre de um problema de saúde psicológica, revelou a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), em outubro de 2021, assinalando o Dia Mundial da Saúde Mental.
Traçando o retrato do estado psicológico do país, a OPP indicou que “um em cada cinco portugueses sofre de um problema de saúde psicológica (23% da população)”, referindo que Portugal é o 2.º país europeu com maior prevalência de problemas de saúde psicológica e é o 5.º país da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) com o consumo mais elevado de ansiolíticos e antidepressivos.
O que é a síndrome de burnout?
A síndrome de burnout é um tipo de stress laboral causado principalmente pelo excesso de trabalho e manifesta-se através de esgotamento físico, emocional ou mental. Caracteriza-se por um processo gradual onde os colaboradores perdem o interesse pelas suas tarefas, o sentido de responsabilidade e correm o risco de sofrer depressão.
Infelizmente, é muito comum ver como gestores de recursos humanos cometem o erro de pensar que atribuir muitas tarefas ao colaborador e mantê-lo o mais ocupado possível é a melhor coisa que ele pode fazer pela empresa, no entanto, a realidade é completamente oposta.
Quando um colaborador sente stress em demasia, a produtividade cai, a qualidade do trabalho deteriora-se, o atendimento ao cliente perde qualidade e até a motivação para crescer profissionalmente se perde.
Estes fatores trazem sérias consequências para a empresa, como o aumento da rotatividade, a motivação dos restantes colaboradores diminui e a reputação da empresa começa a decrescer.
Por isso, é importante que, como gestor de recursos humanos, tenha atenção ao trabalho diário dos seus colaboradores e saiba reconhecer os seus sinais de stress para evitar que entrem em burnout.
Principais sintomas da síndrome de burnout
• Baixo desempenho
• Absenteísmo
• Aumento da impulsividade
• Feedback negativo por parte dos clientes
• Colaboradores que não tiram férias
• Reclamações
Se detetou algum destes sinais num ou mais dos seus colaboradores, aqui estão algumas dicas para evitar o esgotamento ou o stress no trabalho.
5 estratégias para evitar que os seus colaboradores sofram da síndrome de burnout
1. Peça feedback aos seus colaboradores
Peça a opinião dos seus colaboradores sobre como as atividades do dia podem ser organizadas para que todos possam trabalhar de maneira mais produtiva. Pergunte à sua equipa qual é o melhor momento para verificar e-mails ou fazer uma atividade específica, desta forma é possível evitar que as tarefas se acumulem e minimizar o stress.
Também é importante que elimine qualquer atividade que possa ser desnecessária, como por exemplo, reuniões que podem ser resolvidas através de e-mail ou reuniões sem objetivos claros.
2. Respeite o seu horário de trabalho
É recomendável que os seus colaboradores entrem e saiam do local de trabalho pontualmente. Incentive-os a não fazer horas extras.
3. Incentive os seus colaboradores a delegarem funções.
Os colaboradores que sabem delegar funções dão a si mesmos a oportunidade de confiar nos outros, trabalhar em equipa e receber soluções para resolver os seus problemas. Trabalhar em equipa facilita o feedback e o enriquecimento das relações entre colegas. Motive os seus colaboradores a delegarem tarefas com a sua equipa.
4. Motive os seus colaboradores a terem tempo para si mesmos.
Dentro deste ponto podemos incluir tempo de qualidade para alimentação saudável, dormir, ter um hobby (pode ser passear com um animal de estimação, uma atividade cultural ou leitura).
Ter tempo para relaxar faz-nos sentir que estamos preparados para enfrentar as adversidades e reduz significativamente o stress.
A importância de prevenir o burnout nas empresas
É importante notar que o burnout não é um diagnóstico médico ou uma condição de saúde mental, a Organização Mundial da Saúde classifica-o como uma doença ocupacional. O burnout pode levar a outros problemas de saúde física e mental, como depressão, insónia, problemas gastrointestinais, dores de cabeça e muitos outros, podendo levar a doenças crónicas, caso não seja tratado.
O stress profissional não apareceu pela primeira vez durante a pandemia, mas até então eram poucos os colaboradores que trabalhavam remotamente. Não ter limites entre vida profissional contribui também para a prevalência do Burnout.
Para evitar esta síndrome, existem estratégias principais nas quais as empresas devem concentrar-se:
• Dar aos colaboradores maior controlo sobre o seu trabalho.
• Recompensar e reconhecer o desempenho no trabalho, verbal ou financeiramente
• Tratar os colaboradores de forma justa e equitativa
• Ajudar os trabalhadores a encontrar valor no seu trabalho
Para fazer um diagnóstico sobre o bem-estar dos seus colaboradores, comece por perguntar-lhes como se sentem, quais são os problemas que identificam na empresa e que ações podem tornar a próxima semana mais fácil. É essencial manter proximidade com todos os colaboradores e estabelecer um relacionamento empático.