Portugal ocupa o quarto lugar entre os países da União Europeia com a força laboral mais envelhecida, segundo dados da Pordata. Hoje, metade dos trabalhadores portugueses têm entre 44 e 64 anos, um aumento notável face aos últimos 20 anos. Em paralelo, o número de jovens trabalhadores até aos 24 anos diminuiu em mais de 40%, enquanto a faixa etária entre os 55 e os 64 anos aumentou 66%. Este envelhecimento precoce não é apenas reflexo da idade cronológica, mas também do desgaste emocional e psicológico associado ao aumento do burnout nos ambientes laborais portugueses.
A Fuga de jovens talentos
O envelhecimento da força de trabalho portuguesa é ainda agravado pela saída de jovens qualificados em busca de melhores oportunidades. Dados mostram que Portugal é o segundo país da União Europeia com a menor proporção de trabalhadores entre 25 e 34 anos, logo após Espanha. Esta “fuga de cérebros” priva o país de talentos jovens, essenciais para a inovação e competitividade, e acentua o desequilíbrio demográfico.
O envelhecimento precoce devido ao Burnout
O burnout e o stress crónico contribuem para o envelhecimento precoce da força laboral em Portugal, com impactos diretos na saúde e produtividade dos trabalhadores. O Laboratório Português dos Ambientes de Trabalho Saudáveis identificou que quase 80% dos trabalhadores manifestam ao menos um sintoma de burnout, com 63% a exibirem sintomas profundos como tristeza, irritabilidade e exaustão extrema. Estes efeitos não apenas influenciam o bem-estar individual, mas também criam desafios acrescidos para as empresas, devido ao aumento de ausências e à redução da produtividade.
Este quadro afeta de modo particular os jovens profissionais, que, sob alta pressão, acabam por experimentar um desgaste que muitas vezes compromete a sua saúde a longo prazo. Esse tipo de envelhecimento precoce pode reduzir significativamente o tempo de permanência desses trabalhadores no mercado, intensificando o impacto no sistema de segurança social e aumentando os custos de saúde tanto para o setor público como para as empresas.
Impactos na Economia e Sociedade
A combinação entre envelhecimento precoce, stress crónico e a perda de jovens talentos coloca desafios estruturais para a economia e sociedade portuguesas:
- Redução da produtividade: Trabalhadores envelhecidos e desgastados pela pressão laboral podem apresentar menor capacidade de adaptação.
- Aumento dos custos de saúde: Problemas relacionados ao burnout e stress laboral geram elevados custos de saúde para o sistema público e empresas.
- Pressão sobre o sistema de segurança social: Com menos jovens a contribuir, a sustentabilidade do sistema torna-se uma preocupação crescente.
- Escassez de mão de obra em setores-chave: A saída de jovens talentos e a aposentadoria de trabalhadores mais velhos criam lacunas em setores estratégicos.
- Perda de competitividade internacional: A falta de renovação e o envelhecimento precoce da força de trabalho comprometem a competitividade global de Portugal.
Estratégias para Enfrentar os Desafios
Para mitigar os impactos do envelhecimento e burnout no mercado de trabalho, são necessárias estratégias coordenadas e adaptadas às necessidades do país:
- Promoção do Bem-Estar no Trabalho: Implementar programas de saúde mental e equilíbrio entre vida profissional e pessoal para reduzir o stress e prevenir o burnout.
- Incentivos para Retenção de Talentos: Criar condições atrativas que estimulem os jovens profissionais a permanecer no país, como programas de desenvolvimento de carreira e benefícios competitivos.
- Políticas de Imigração Estratégicas: Atração de profissionais qualificados para preencher as lacunas no mercado.
- Investimento em Educação e Formação Contínua: Manter os trabalhadores mais velhos atualizados e produtivos através de formação contínua.
- Promoção do Envelhecimento Ativo: Incentivar a participação ativa dos trabalhadores mais velhos na economia, mitigando os efeitos do envelhecimento precoce.
- Incentivos para Empresas: Oferecer benefícios fiscais para empresas que promovam práticas de trabalho favoráveis ao envelhecimento e programas de mentoria intergeracional.
Conclusão
Portugal enfrenta um desafio significativo com o envelhecimento precoce da sua força de trabalho, exacerbado pelo stress e burnout e agravado pela emigração de jovens. Embora este cenário apresente complexidades, o país tem conseguido manter um bom desempenho laboral, superando a meta europeia de emprego para 2030 com 78,2% da população entre os 20 e os 64 anos empregada. Atingiu ainda a meta de reduzir para menos de 9% a percentagem de jovens entre os 15 e os 29 anos que não estudam nem trabalham.
Ao abordar as causas profundas do envelhecimento precoce e implementar estratégias para reter e atrair talentos, Portugal pode transformar esses desafios em oportunidades para criar um mercado de trabalho mais resiliente e inclusivo. Esta transformação beneficiará a economia nacional e poderá servir de referência para outras nações que enfrentam desafios demográficos semelhantes.
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